Extraído do Livro Quando o Espírito Santo Fala - Volume 2 - Pág: 11
- Bispo Emir Castro de Macedo
A Casa do
Oleiro
(Jeremias 18)
REFLEXÃO
Jeremias pela palavra desce à casa do oleiro
para receber uma lição e compreender o pensamento de Deus.
Há um homem trabalhando na olaria. Cada ação
ou operação realizada permite a Jeremias penetrar no Espírito do Divino
Oleiro, sempre atarefado com o seu barro humano. E sob esta inspiração
divina é conduzido a compreensão da OBRA CRIADORA DE DEUS, exercida
sobre o seu material humano.
Jeremias assistiu, mais do que nunca, com
muita atenção, ao trabalho do oleiro nas rodas, o qual era duas pedras
compreendendo a superior e a inferior.
O
QUE OBSERVOU JEREMIAS?
- Que o Oleiro não conseguiu de primeira mão,
ou de imediato, fazer uma peça de cerâmica. Esse fracasso pode ter ocorrido
mais de uma vez.
- Que este malogro ou fracasso poderia ser
atribuído a vários fatores, tais como:
- falta de cuidado do oleiro; a
imperfeição tosca do maquinismo empregado;
- ou a qualidade do barro (argila).
Todavia, fosse qual fosse a deficiência, o
oleiro perseverou, transformando o barro em outro vaso.
Jeremias passa a lição natural, para o
espiritual.
O Senhor, como Sumo Oleiro, não tem que
enfrentar os obstáculos de imperfeição ou maquinismo, ou outro qualquer
obstáculo que não seja o barro humano.
Domina o material aperfeiçoando-o, segundo o
propósito do seu Santo Espírito. Isso quer seja humilde quer seja grandioso.
Entretanto, se o material não reage com a
precisão que está na pressão das mãos do Senhor que o forma, torna a ser
moldado.
Nessa ação do Senhor, encontramos o seguinte
ensinamento:
- Fala e mostra a Soberania Divina;
- Não nega a liberdade divina (livre
arbítrio);
Mostra-os o discernimento do profeta Jeremias
sobre a INFERÊNCIA ESPIRITUAL. “Não podia EU fazer de vós como fez
este oleiro?” – Jeremias 18. Isto é, passar de uma verdade da ação
humana, para outra verdade; a espiritual – tirando a palha mentirosa, usando o
seu liame espiritual. Observação: A vaidade espiritual é símbolo do nada.
NOTA:
INFERÊNCIA
– Liga uma verdade à outra verdade.
LIAME
– Tudo que serve para ligar.
Se uma nação procede mal, é inevitável que
Deus não venha se arrepender do bem ou benefício prometido.
O oleiro entra em ação e prepara a FORMA PARA
UM NOVO VASO.
O exílio, entretanto, não deixa de ser
acompanhado da graça divina.
A
GRAÇA DIVINA – O DEUS DE ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ
Como podemos desfrutar de algo que melhore o
nosso íntimo? É fazermos constantemente uma introspecção, e se temos realmente
cumprido a ordem divina que é: “... cessai de fazer o mal” – Isaías
1:16 (simplificado) e ainda nessa reflexão, se aprendermos a fazer
o bem, praticando o que é reto, conforme Isaías 1:17.
Indubitavelmente, não podemos aprender a fazer
o bem antes de cessarmos de fazer o mal. Quando entramos na ação da obediência
a esse santo preceito, podemos entender o quanto é profundo o propósito de
Deus; o quanto a sua Graça é infinita e, com isso, mostrando-nos a completa
nulidade da depravação da natureza humana.
O ser humano não pode desfrutar da real
felicidade, até curvar a sua cabeça perante a soberania da Graça, examinando a
sua posição de pecador que é, sem direito de exigir ou ditar coisa alguma que
julgue merecer, mas pela fé, e simplesmente tomar posse daquilo que Deus tem
para lhe conceder, e como fazer.
O Filho Pródigo podia falar que, na realidade,
desejava ser servo; sendo que não merecia esse lugar, se fosse considerado o
seu mérito. Mas, confessando a sua indignidade, foi interrompido pela palavra,
para aceitar aquilo que o PAI quis lhe dar: O lugar mais elevado, de honra, o
próprio lugar de comunhão consigo.
Compreendemos que assim tem que ser sempre. À
medida que avançamos dia após dia, como a luz da aurora – Provérbios 4:18
– “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e
mais até ser dia perfeito”, descobrimos o que somos. Precisamos de mais
brilho. Necessitamos manter os nossos pés sobre o fundamento sólido da graça
divina, que é o único sustentáculo de nossa evolução progressiva na
irremediável ruína deste mundo. Envolvidos pela infinita graça, que tem a sua
origem no próprio Deus, seguimos o seu curso em Cristo Jesus, O Senhor, e o
poder de sua aplicação e pleno gozo no Espírito Santo.
O Deus Trino e Uno, Santo e Verdadeiro, se
revela com a graça que salva o pobre pecador. Graça que reina pela Lei
cumprida, estabelecendo Justiça para a vida eterna, por nosso Único Senhor e
Salvador Jesus Cristo, Romanos 5:21 – “a fim de que, como o pecado
reinou na morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna,
mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”.
Graça que entendemos acompanhar os pecadores
no passado, sendo chamados para serem servos de Deus. A exemplo de Jacó em quem
temos um procedimento quanto ao notável poder da Graça Divina, manifestado pela
simples razão de vermos a força da natureza humana em toda a sua fragilidade e
irregularidade deformadora; acompanhada pela GRAÇA em toda a sua beleza moral e
poder de transformação.
A vida de Jacó, no ventre de Rebeca, no
nascimento e na sua carreira, mostra-nos o que realmente são os impulsos da
natureza. Características semelhantes a um fundo negro, dando um maior realce
de relevo à GRAÇA, quando o Senhor se revela como o Deus de Jacó. Que agradável
expressão de Graça, que nos permite entender o que o homem realmente é na sua
profunda miséria e degradação e o que Deus é, perfeito em santidade, perfeito
em graça e perfeito em misericórdia que desce até esse homem, para estabelecer
o diálogo com ele, mostrando o seu estado, e erguê-lo dali para uma livre
comunhão, fazendo-o compreender o seu desejo de tirar-lhe os seus pecados e
fraquezas.
Tudo isso nos leva ao discernimento, de que
Deus não precisava do auxílio de elementos como a esperteza de Rebeca e o
grosseiro método usado por Jacó para conseguir os seus propósitos. Deus havia
dito que o maior serviria ao menor e isso era o bastante. Vemos a natureza
humana sempre na ação de desconfiança, interferindo no tempo da ação de Deus,
trazendo com isso sérias consequências.
Isaque, moribundo, à beira da eternidade, tem
a sua natureza ocupada com um guisado gostoso, prestes a agir em oposição
direta ao desígnio divino, abençoando o mais velho em vez do mais moço.
Entendemos que Isaque daria a bênção em troca de caça e entraria no espírito de
Esaú que vendeu a primogenitura por um guisado de lentilhas.
A interferência de Jacó nos planos divinos
custa-lhe sérias consequências, empreendendo uma fuga para novas experiências
na casa de seu tio Labão. Todavia, Deus não o abandonara. Tinha um plano com
ele. Plano que consistia em mudar o seu nome de Jacó para Israel, no belíssimo
e profundo acontecimento no Vau de Jaboque, quando o fundo negro e dominante de
sua natureza, foi rompido durante a noite, dando-lhe a bênção de desfrutar do
brilho do sol em Peniel.
Bendito para sempre o Deus de Abraão, Isaque e
Jacó. O Deus da Graça, o Deus do glorioso resgate que, desde a eternidade,
havia preparado o único meio para tirar o pecador das garras do cruel
sequestrador. Esse meio único e exclusivo é a pessoa gloriosa de Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. Deixemos, portanto, correr em nós a água oferecida em João
7:37 – “... Se alguém tem sede, venha a mim, e beba”, passando a
discernir e conhecer o turbilhão de correntes várias que se movimentam com
rapidez superficial. Essas correntes envolvem uma religiosidade voltada para a
terra, com pensamentos, sonhos e promessas que contrariam e desvirtuam a
verdadeira FÉ, pressentindo que o Juízo Divino está próximo e a porta da graça
será em breve fechada. Devemos entender que somente a Palavra de Deus, como
disse Davi, é “lâmpada para os meus pés...” – Salmos 119:105, e
fundamento que jamais poderá ser abalado, o qual nos liberta da ilusão, para
conceder-nos uma real esperança, destruindo as “... cisternas rotas, que não
retêm as águas”, dando-nos o manancial de águas vivas – Jeremias 2:13
e concedendo-nos a de João 7:38 – “Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”.
Lembremo-nos de Noé, seguindo o seu exemplo,
que se ocupou na construção da Arca, para nela estar em segurança, rompendo o
vendaval do juízo divino e sendo conduzido através das águas da aflição. Que
belo exemplo! Enfrentou a adversidade numa época de envolvimento terreno em
detrimento da advertência divina, afirmando que a destruição viria. Roubaram do
futuro e se perderam agarrados ao presente adquirido em desobediência a Palavra
de Deus. Que reflexão para os dias atuais, quando muitos procuram, a qualquer
custo, desfrutar do presente temporário em troca do futuro eterno.
Noé teve uma ação contínua e sempre presente
na Palavra de Deus. Garantiu vida abundante, podendo dizer no cume do Ararate, “Eis
que foi para a minha paz que tive eu grande amargura.” – Isaías 38:17.
A Igreja do Senhor Jesus, no meio de toda a
desolação do momento, já encontrou o seu lugar de repouso e a sua porção na
Palavra do Espírito, que é a nossa Arca Salvadora, cuja porta está segura pela
mão do próprio Deus. Digo mão, entendendo ser a mão direita, porque a mão
esquerda será a do juízo. Mão direita, que os fechará eternamente com Cristo,
quando o dia da Graça for fechado, mostrando os eficientemente salvos e os
irremediavelmente perdidos. Sendo que os irremediavelmente perdidos agiram como
se a terra lhes pertencesse por direito de posse para sempre. Apegaram-se ao
transitório, esquecendo-se do eterno. Pensavam, falavam e entravam em ações de
própria vontade, quem sabe, até em nome de Deus, falando de dias de paz e
prosperidade. Como resultado de misturas que enganam por algum tempo,
reproduzindo uma paz ilusória influenciada de opiniões preconcebidas,
alicerçadas no amor ao dinheiro, raiz de todos os males, e, absorvidos pelas
coisas temporais. Esqueceram a longanimidade de Deus, fechando os seus ouvidos
e olhos ao testemunho do seu servo, pregoeiro da justiça – NOÉ.
Naquela época, como hoje, a terra encheu-se de
violência, enquanto o homem procurava tornar o mundo um lugar agradável, mas
inconveniente para Deus. Quando o homem emprega a sua sabedoria, com o fim de
cobrir com a sua própria roupagem os defeitos e manchas da humanidade, que em
breve aparecerão com as deformidades mais repugnantes do que nunca. Nada deste
mundo vil, com suas ações de justiça própria, inversões de valores, sabedoria
humana, resolvem os problemas do ser humano. E longe de preparar a casa para
Cristo, preparam-na sim, para o Anticristo.
Com tudo isso, o Espírito Santo está
trabalhando na reconciliação. Agora é tudo graça. Onde abundou o pecado,
superabundou a graça divina. Fala ao pecador de uma redenção, perdoando o
pecado por meio do sacrifício com o derramamento do precioso sangue de Jesus
Cristo, na cruz do Calvário. Mas há de se entender que, a rejeição, a tão pura
graça proclamada, levará a uma pura ira pela dívida pendente, que o devedor não
aceitou a sua justificação.
Os cristãos, nesse tempo de tantas
intervenções humanas, necessitam ter muito cuidado e discernimento com os
inumeráveis métodos humanos e com variadas ordenações atribuídas a Cristo
Jesus, O Senhor, e a verdadeira obra do Espírito. O pecador não é salvo somente
por Cristo, mas ao contrário, é convencido que honra a Cristo, quando se
preocupa com todas as ordenações colocam cada vez mais de lado a verdadeira
adoração, trocando-a pelo misticismo.
O homem quando sai da Palavra e não dá atenção
ao brado de vitória no Calvário, “... Está consumado!...” – João
19:30 e em João 15:5 – “... porque sem mim nada podeis fazer”,
onde quer que este homem vá, veremos só fracasso. No Éden, falhou. Noé, falhou,
falhou em Canaã e continua falhando na igreja. Vejamos o que o Espírito Santo
diz sobre Noé: “... Noé era homem justo e íntegro entre os seus
contemporâneos; Noé andava com Deus”. – Gênesis 6:9. A graça divina
tinha coberto Noé com um manto de justiça. Não podemos sair desse plano de
justiça divina, consumada na cruz do Calvário, quando a nuvem negra, ao
meio-dia, carregada com o Juízo Divino, foi descarregada sobre o Cordeiro de
Deus. Que precioso paradoxo descobrimos, quando dessa negridão que jamais houve
vemos o amor de Deus. Eterno amor, penetrando naquela obscuridade, dissipando-a
com a brilhante luz de seu imensurável amor, com o brado de vitória rompendo de
entre as trevas, “Tudo está consumado!” Obrigado Senhor Jesus!
No capítulo 11, no livro de Gênesis, lemos os
registros de grandes acontecimentos, trazendo uma profunda meditação para os
espirituais. São elas a edificação da torre de Babel e a chamada de Abraão com
promessas.
No primeiro acontecimento, a edificação de
Babel e a sua torre, vemos a tendência humana de se estabelecer na terra,
quando acharam um vale na terra de Sinar e habitaram ali. E disseram:
Gênesis 11:4
– “Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope
(cume) chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não
sejamos espalhados por toda a terra.”
O coração humano procura sempre um nome de
projeção, cujo objetivo é a terra. Que objetivo? Na verdade, é um subjetivismo.
Um personalismo com os fins neste mundo, desenvolvendo uma obra própria,
tentando construir uma torre e sobre o seu topo ou cume, um céu sustentado pelo
homem na terra. É a federação humana materialista, já de nossas considerações,
quando escrevemos sobre a simbiose humana. Em Babel, temos os simbiotas
humanistas em oposição direta a Deus, sempre julgando permanentes, o que
edifica abaixo dos céus, nisso, mostrando que o homem é por natureza, uma
criatura rasteira, alienada do céu e ligada a terra, procurando sempre por Deus
de parte com sua exaltação própria.
Analisando esses fatos, poderemos com
facilidade perceber a tendência acentuada para confederação ou associação.
Tantas vezes para alcançar os seus fins, deste modo, exigindo uma associação
regularmente bem organizada, paralela a igreja de Jesus, se tornando tão
numerosos quanto e como os propósitos do coração humano, exaltando o nome
humano, deixando Deus de fora.
Temos que valorizar mais e mais a igreja do
Deus Vivo, unida pelo Espírito Santo, que veio do céu para unir os crentes num
corpo, e constituídos em um lugar de habitação de Deus. Babilônia em Apocalipse
18:2 – “Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande
Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito
imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável, torna-se no
fim, morada de demônios.”
O que entendemos? Que em Babel, vemos a
tentativa do homem para se associar e foi espalhado. Que diferença vemos quando
Deus ajunta os homens. A IGREJA, que entende João 15:5 – “... porque
sem mim nada podeis fazer”. A associação humanista exalta o homem enquanto
o Corpo de Cristo, a Igreja, tem como objetivo a exaltação do Senhor Jesus
Cristo.
Fujamos de todo o formalismo frio que deixa de
interceder para somente julgar e condenar pela aparência. Continuemos a nos
alimentar da palavra do Espírito que nos leva a entender mais a beleza e
preciosidade da pessoa do Senhor Jesus Cristo, nosso modelo perfeito. Nossa
salvação e vitória está somente n’Ele.
Enquanto o homem luta para se estabelecer na
terra, Deus continua chamando o homem para ter a sua porção e o seu lar no céu.
É evidente que, se não compreendermos a chamada, isto é, de onde somos chamados
e para onde vamos, não andaremos na dignidade dela. Devemos compreender que
fomos chamados para um alvo, que é o nosso lar, a nossa porção, a nossa
herança, onde o Senhor Jesus Cristo está à destra de Deus. Nunca poderemos
ficar satisfeitos por manter um nome, uma posição e uma herança definitiva na
terra. O que temos que atingir é o ponto para o qual Deus nos chamou, que é a
plena comunhão com seu Filho, na sua rejeição neste mundo e na sua aceitação no
céu.
Entendemos que a chamada de Abraão era para
Canaã. Deus não podia aprovar a sua demora em outro lugar, como passou em Harã.
Assim, entendemos que a cruz de Cristo nos separa para sempre deste mundo, da
morte e do julgamento. Porquanto, como pecadores, vemos no Calvário o
fundamento eterno de nossa paz. Vemos no sacrifício de Jesus, Deus como amigo
do pecador desejando salvá-lo, amando-o como está escrito em João 3:16 –
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Voltando a Abraão, não sabemos quanto tempo se
demorou em Harã. Todavia, Deus esperou por ele. Não houve novas revelações
durante o tempo de sua permanência em Harã. É como entendemos em Provérbios
4:18. Deus nos dá mais luz, quando seguimos o caminho do verdadeiro
discipulado. Uma coisa é certa; Ele não nos arrasta ao longo do caminho, mas
procura atrair-nos e convencer-nos a quebrar todas as barreiras naturais e
cálculos de sacrifícios e dificuldades para andarmos por fé e não por vista.
Encontramos descanso no fundamento sólido onde
nunca seremos enganados, a imutável Palavra de Deus. Como ramos da videira
verdadeira, que é única, singular, ímpar e cujos frutos são novos ramos, sempre
crescentes e ascendentes.